quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Egipto, o novo Irão?

O mundo ocidental depositou grandes esperanças na "versão Egipto" da "primavera árabe". Durante semanas, os telespectadores europeus e norte-americanos tiveram os olhos postos nas transmissões em directo e nas reportagens emitidas a partir da Praça Tahrir, no Cairo. A comunicação social foi criando em nós, telespectadores, um desejo profundo de ver Hosni Mubarak fora do governo, como se fossemos especialistas em política egípcia. Os lados estavam bem definidos, o bem absoluto confrontava o mal em estado puro.
Foto: Ikiwaner
Porém, as coisas não eram bem assim. Na aliança contra o então presidente valia tudo e valiam todos. E uma boa parte desses "todos" tinham vínculos ou eram apoiantes da Irmandade Muçulmana, movimento islamista com um passado bastante distante da moderação. O braço político da Irmandade acabou por ganhar as eleições e a tutela militar parece ter sido substituída pela religiosa. Agora, o mundo depara-se com um presidente egípcio eleito que pretende ir mais longe do que o próprio Mubarak, em termos de controlo sobre as instituições.
Esta história não é nova e já teve versões mais radicais, como no caso da expulsão do xá do Irão e da tomada de poder pelos aiatolas. A substituição de um regime ditatorial por outro não constitui novidade. Provavelmente, muitos analistas tentaram iludir-se, comparando a Irmandade Muçulmana com o Partido para a Justiça e Desenvolvimento, no poder na Turquia. Infelizmente, o Egipto parece mais próximo do radicalismo do que da moderação.

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