sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Recordar os Balcãs

A memória do consumidor de informação internacional, por norma, é curta. É um luxo ao qual o consumidor de informação nacional não pode dar-se. Todos os dias, quando saímos, somos recordados pelas nossas carteiras que os impostos aumentaram e que os salários diminuíram. No entanto, há temas internacionais que também não deviam cair no esquecimento.
Os Balcãs são um desses casos. Entre 1991 e 1999, fomos alertados pela comunicação social para uma teia de guerras étnicas e civis que parecia não ter fim. Sérvios contra croata, croatas contra bósnios, bósnios contra sérvios, sérvios contra kosovares... Os anos passaram e uma pacificação com pés de barro parece ter-nos feito esquecer que estes problemas continuam bem presentes na vida dos milhões de cidadãos que os sentiram na pele.
Os líderes e os burocratas europeus, por estas alturas tão preocupados com a resolução da crise e com a salvação do euro, deveriam ter presente estes acontecimentos e recordar que, se a Europa falha, tudo isto pode voltar numa escala ainda maior. Andamos todos entretidos a comparar a Merkel ao Hitler. Nada mais errado, porque de tão disparatado desvia as atenções dos problemas efectivamente sérios. Se a União Europeia falhar, os primeiros a sentir as consequências não serão os gregos ou os portugueses. Serão os bósnios, os sérvios ou os croatas, por não terem outra instituição que contenha os seus ultra-nacionalismos sempre latentes.

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