sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O governo português não é o governo grego

Bruxelas parece estar a recuar em relação à extensão a Portugal dos benefícios concedidos à Grécia no início da semana. Durante alguns dias, generalizou-se a ideia de que Lisboa poderia beneficiar com a renegociação grega.
João Martinho63
Não deixa de ser curioso que o governo português tenha feito tudo para desprezar publicamente esta opção. Noutra época ou com outros governantes, seríamos levados a pensar que uma atitude deste género era apenas para "inglês ver", enquadrada numa estratégia de negociação discreta, por detrás das câmaras e dos microfones. Porém, o executivo tem mostrado à saciedade que não "arranca" nada da União Europeia ou do Fundo Monetário Internacional. As pouca cedências dos credores foram obtidas perante meras constatações do inevitável. Era impossível alcançar a meta prevista no défice deste ano e tornou-se inevitável mais um ano para pagar a dívida, pelo que a troika cedeu.
É por todos reconhecido que Atenas está numa situação muito pior do que Lisboa. Mesmo assim, tem querido bater o pé. Sim, "querido bater o pé", porque um governo não pode ser tão impotente quanto o primeiro-ministro português procura fazer crer. Há uma vontade explícita dos nossos governantes em prosseguir com um plano que visa, sobretudo, a diminuição do nível de vida dos portugueses, em nome da miragem da atracção de investimento. No entanto, quase dois anos já deveriam ter servido para concluir que aqui nada de bom vai acontecer. A não ser que a economia alemã abrande tanto que volte a precisar dos mercados do sul da Europa.

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