quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Monólogos europeus

Depois de o Presidente da República ter alertado subtilmente para as flagrantes contradições no discurso da União Europeia em relação à Grécia e a Portugal, o governo português recuou novamente. Paulo Portas veio ontem dizer que alguns dos benefícios obtidos por Atenas deverão fazer-se sentir em Lisboa. Todo o debate em torno a esta questão permite uma breve reflexão acerca da informação e do poder nos dias que correm.
Em pleno 2012, os governantes da União Europeia, incluindo os da Alemanha, são obrigados a falar de forma encriptada, para os investidores ouvirem o que querem ouvir, mesmo que isso implique mentir ou omitir aos cidadãos que representam e que os elegeram. Durante estas duas semanas, assistimos a sucessivos monólogos em Bruxelas, Berlim, Paris, Atenas e Lisboa. E assistimos a monólogos, quando deveríamos estar a assistir a diálogos. Os parceiros não falam entre si, nem falam com os seus cidadãos. Desde que a crise das dívidas soberanas começou, só se fala para os mercados, o que gera uma confusão tremenda e um mar de contradições.
Este é o resultado de termos técnicos competentes (ministro das Finanças) a mandar em políticos fracos (primeiro-ministro): a tecnocracia sobrepõe-se à democracia.

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