domingo, 2 de dezembro de 2012

Um Hércules para a esquerda italiana

Enquanto os partidos portugueses e espanhóis continuam presos às velhas fórmulas de sempre, o centro-esquerda italiano celebra hoje a segunda-volta das eleições primárias para definir o seu candidato à presidência do Conselho de Ministros (o equivalente italiano a primeiro-ministro). Esta não é a primeira "edição" de umas eleições que são transversais a vários partidos e que procuram incluir a sociedade civil na vida política.
Depois de anos com Berlusconi a dominar e a desacreditar a cena pública, os partidos de esquerda têm a hipótese de regressar ao poder no ano que vem. Mas convirá que tenham aprendido com os erros do passado. Há tendência, na comunicação social, a "alargar" o período histórico de Berlusconi no poder e a esquecer que Itália tem tido vários executivos de centro-esquerda. Entre 1996 e 2000 e entre 2006 e 2008, a esquerda foi maioritária no parlamento italiano e chefiou quatro governos. No entanto, os desentendimentos entre comunistas, ex-comunistas, sociais-democratas, ecologistas e democratas-cristãos de esquerda ditou sempre a sua queda.
O principal desafio do centro-esquerda não será, assim, confrontar o centro-direita (semi-destruído pelo próprio Berlusconi), mas sim controlar os seus ímpetos auto-destrutivos. Além do mais, o futuro candidato a primeiro-ministro tem de fazer frente à boa imagem de que goza o governo tecnocrático encabeçado por Mario Monti e desarticular o movimento populista anti-político liderado pelo cómico Pepe Grillo. Tarefas que não parecem nada simples para um só homem.

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